Bolsonaro participa de evento na praça Saens Pena,na Tijuca (RJ),ao lado de Alexandre Ramagem,pré-candidato à prefeitura do Rio — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
GERADO EM: 19/07/2024 - 04:30
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O discurso de "perseguição" empregado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para se referir às investigações que miram Alexandre Ramagem (PL-RJ) deve se transformar em um dos principais motes da campanha à Prefeitura do Rio do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Durante evento no Rio de Janeiro na quinta-feira,Bolsonaro disse que Ramagem paga "um preço alto" por querer administrar a cidade.
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Depois de ter prestado depoimento por mais de seis horas à Polícia Federal sobre a "Abin paralela",a avaliação da campanha é de que Ramagem "pulou etapas" e venceu uma barreira que precisava ser criada: a do vínculo com o ex-presidente.
A interseção entre os dois,que seria trabalhada com a imagem de antigos amigos em peças publicitárias para a propaganda de rádio e TV,ganhou um novo ingrediente a partir da fala de Bolsonaro. Agora,Ramagem também será apresentado como "o mais novo alvo da perseguição ao bolsonarismo".
Os atos realizados na capital fluminense nesta semana serão usados nas primeiras inserções em TV. O objetivo é mostrar a mobilização em torno dos dois nomes,que estiveram associados,ao longos das últimas semanas,à existência um áudio,gravado pelo próprio Ramagem,de uma reunião em que Bolsonaro discutiu o acionamento de órgãos do governo federal em auxílio a seu filho,o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ),investigado à época pelo caso da "rachadinha".
Ramagem argumentou que a gravação teria sido feita para proteger Bolsonaro,e com o aval do ex-presidente.
— Pagam um preço alto por ombrear-se comigo (os aliados). Vocês sabem como somos perseguidos. Ramagem,um delegado da Polícia Federal que eu conheci na transição de 2018,já começa a pagar um preço alto pela sua ousadia de querer,pensar,sonhar em administrar uma cidade com respeito,honradez e orgulho — disse o ex-presidente.
No mesmo discurso,Bolsonaro sugeriu,de forma falsa,que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "se reuniu com traficantes" no Rio durante a campanha de 2022.
Apesar do abalo à campanha registrado na última semana,o saldo é de que Ramagem sai fortalecido e mais atrelado ao ex-presidente. A expectativa é que as próximas pesquisas mostrem um salto de até 6 pontos percentuais — uma margem que só seria alcançada em meados de agosto,de acordo com as projeções anteriores.
Na próxima segunda,Ramagem voltará a gravar programas.
Durante evento desta quinta,ao falar sobre a eleição carioca,Ramagem apelou seguidamente à bandeira da segurança pública,criticou Paes e pediu apoio para eleger pré-candidatos a vereador "de direita". "E,lógico,um prefeito também",acrescentou,com um sorriso.
— Há um grupo que está aí há 30 anos na prefeitura. Só o prefeito está há 12 anos,querendo mais quatro. O que eles fizeram pela segurança e pela ordem do Rio de Janeiro? Nada. Vamos revitalizar a Guarda Municipal e tratá-la como Polícia Municipal armada — afirmou Ramagem. Ramagem foi aplaudido pela militância bolsonarista durante toda a sua fala.
Na quarta-feira,Ramagem havia prestado depoimento,na superintendência da PF no Rio,sobre a investigação que apura um suposto esquema de espionagem ilegal praticada durante o governo Bolsonaro. O delegado foi ouvido por mais de seis horas e respondeu a cerca de 130 perguntas. Ele negou que tenha dado ordem para o suposto esquema.