O novo primeiro-ministro de transição da Síria,Mohammad al-Bashir,preside reunião do novo Gabinete em Damasco — Foto: SANA / AFP
GERADO EM: 11/12/2024 - 16:47
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Quando o comboio que levou o embaixador do Brasil,André Santos,e todos os diplomatas brasileiros que servem em Damasco para Beirute foi abordado por uma milícia armada síria,na última segunda-feira,o grupo questionou o fato de as mulheres presentes não estarem com os cabelos cobertos. A cena reflete o que Santos teme que seja um sinal de que o novo governo da Síria,liderado por grupos rebeldes,possa trazer retrocessos na liberdade das mulheres.
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— O membro da milícia que se aproximou fez comentários insinuantes sobre as mulheres,sobre o fato de que não estavam com os cabelos cobertos — contou o embaixador ao GLOBO,por telefone,de Beirute.
Na opinião de Santos,“há indícios claros” de possíveis retrocessos.
— Para eles [os grupos que assumiram o poder na Síria],retrocesso é a mulher se expor e não cobrir o cabelo,ou querer trabalhar em atividades que são vista como de homens. Mas para a grande maioria da população síria [exigências como a de cobrir os cabelos] será visto como um retrocesso — afirma o embaixador.
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Nesta quarta-feira,o novo primeiro-ministro transitório da Síria, Mohamad al-Bashir,prometeu que a coalizão liderada pelos rebeldes que depôs o ditador Bashar al-Assad “garantiria” os direitos de todos os grupos religiosos que vivem no país.
Em meio a temores da comunidade internacional,Bashir admitiu,em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera,que “o comportamento errado de alguns grupos islâmicos” fizeram com que “o significado do Islã [...] fosse distorcido”,mas disse que fará diferente:
— Justamente por sermos islâmicos,garantiremos os direitos de toda a população e de todas as religiões na Síria — afirmou Bashir,que lidera um governo de transição até 1º de março.
A aliança rebelde que pôs fim a mais de meio século de poder do clã Assad na Síria no domingo é liderada pelo grupo Hayet Tahrir al-Sham (HTS),um antigo ramo sírio da rede terrorista al-Qaeda. O movimento afirma ter rompido com o jihadismo,mas permanece na lista de “terroristas” de vários países ocidentais,incluindo os Estados Unidos.