Capa do jornal da edição do jornal O Globo em 22 de julho de 1944,data em que o naufrágio do navio Vital de Oliveira foi noticiada — Foto: Foto: Acervo O Globo
GERADO EM: 14/07/2024 - 04:30
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A História do Brasil se cruzou com a história da minha família naquele mês de julho de 1944. A bordo do Vital de Oliveira,estavam seis fuzileiros navais. Todos morreram no naufrágio. Um deles era meu tio-avô.
Não há um registro claro sobre o que exatamente faziam aqueles seis homens no Vital de Oliveira. Mas o fato é que,especializados em combate,boa parte das vezes os fuzileiros navais eram embarcados justamente com essa missão de guarnecer a proteção dos navios em caso de conflito. Seu trabalho,por definição,não é propriamente navegar,mas sim enfrentar o inimigo.
E esse enfrentamento,na Segunda Guerra Mundial,se dava de forma cruel e desigual. Era prática corrente na Kriegsmarine voltar para “finalizar o serviço”,após o torpedeamento. Sobreviventes que estivessem à deriva na água,em embarcações salva-vidas ou mesmo ainda a bordo dos navios atacados eram alvo de disparos de metralhadoras ou outras armas de fogo.
Meu tio-avô foi o terceiro na família a abraçar a carreira militar. O primeiro irmão estava nas fileiras do Exército e o segundo,meu avô,tinha entrado para a Marinha. A primeira batalha que haviam enfrentado – e vencido – era contra as agudas condições de vida no cariri paraibano,em São Sebastião do Umbuzeiro. Naquela família de 17 irmãos,nada menos que cinco haviam morrido de tuberculose ainda pequenos. Outra chegou à vida adulta,mas morreu de varíola.
Não temos foto ou extrato profissional militar desse parente morto na Segunda Guerra Mundial,no litoral do estado onde parte da família passou a residir. Seu nome era Boaventura. Soldado fuzileiro naval Boaventura Zeferino Neves. Saiu do sertão para morrer no mar,a serviço do Brasil.