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'Quem não aderir vai ficar para trás': mais de 80% dos restaurantes do Rio já usam ou pretendem usar IA, mostra pesquisa do setor

Jul 7, 2024 IDOPRESS
Margaux,a assistente virtual criada pela importadora,distribuidora e rede de restaurantes Grand Cru — Foto: Divulgação

Margaux,a assistente virtual criada pela importadora,distribuidora e rede de restaurantes Grand Cru — Foto: Divulgação

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 07/07/2024 - 07:00

Restaurante do Rio adotam IA.

Mais de 80% dos restaurantes do Rio já usam ou pretendem usar IA para agilizar processos e melhorar atendimento. Ferramentas como assistentes virtuais e plataformas de análise de dados estão sendo adotadas,trazendo benefícios tanto para os negócios quanto para os clientes. A tendência é que a adesão à IA aumente no setor gastronômico,com empresários mais jovens liderando essa transformação.

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Se tempo é dinheiro,como afirma um antigo e famoso ditado,nada melhor do que mecanismos que ajudem a agilizar processos e,ainda,torná-los mais eficientes. É nesse contexto que ferramentas de inteligência artificial (IA),principalmente a generativa (ou seja,que gera conteúdos),têm surgido como uma solução em diversos setores,a exemplo do de gastronomia,que começa a dar os primeiros passos na adesão à tecnologia,a fim de aumentar a produtividade e a lucratividade dos negócios. De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel),realizada em fevereiro com mais de cem empresários do segmento,31% dos estabelecimentos do ramo no estado do Rio de Janeiro utilizam IA,51% pretendem aderir ao recurso e 4% estão em fase implantação.

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Na Grand Cru,umas das maiores importadoras e distribuidoras de vinhos finos da América Latina,com diversas lojas e restaurantes no Rio,como nos shoppings Vogue Square,Rio Design Barra,VillageMall e Fashion Mall,a novidade chegou no dia 11 de junho. Trata-se de Margaux,assistente virtual implantada para conduzir o atendimento nas plataformas digitais da marca,bem como no site. Durante a interação com o cliente,a ferramenta é capaz de fornecer informações para detalhamento do pedido,como quais rótulos e quantas garrafas se vai receber,status da compra,situação da entrega,data da cobrança e link da nota fiscal. Já os vendedores das unidades conseguem,por exemplo,ter acesso ao histórico dos consumidores recorrentes.

— Nossa intenção é reduzir esforço e aumentar a rapidez no suporte ao cliente. Isso sem perder a flexibilidade: para quem não deseja lidar com a IA,há a opção de,logo de cara,de falar com um dos nossos especialistas de vendas. Mas estamos com um número de retenção bem legal: 70% dos chamados estão sendo resolvidos pela própria Margaux,o que reduziu o tempo médio de atendimento de 17 para oito minutos — revela Vanessa Muniz,gerente do setor de experiência do cliente da Grand Cru. — Em termos de benefícios para o negócio,estamos falando de redução de custos e até mesmo de remanejamento de funcionários para atividades que agregam mais valor,como o departamento administrativo. Já as vantagens para o cliente,que antes tinha que mandar e-mail ou esperar ser atendido por telefone,são autonomia e agilidade num atendimento em tempo real.

Grand Cru: importadora de vinhos lançou assistente virtual para conduzir atendimento aos clientes — Foto: Divulgação

E Margaux logo terá funcionalidades novas,anuncia a gestora.

— Com o novo fluxo de informações que está abastecendo a ferramenta,mais voltado para os restaurantes da marca,a assistente virtual vai poder dizer qual unidade está mais próxima do cliente,indicando endereço e contato dos vendedores,e será capaz de funcionar como um sommelier,sugerindo vinhos com determinado tipo de uva e teor alcoólico e harmonizações com diferentes pratos. Estamos em fase de teste dessa função,que deve ser implantada em agosto ou setembro— conta.

A distribuidora lançou ainda sua nova ferramenta de atendimento eletrônico,que pode ser acessada pelos clientes por meio do número 4007 -1752,segunda a sexta,das 9h às 18h.

— Já tínhamos uma Unidade de Resposta Audível (URA,como a dos atendimentos eletrônicos dos bancos,por exemplo),mas era supersimples. Você apertava um número e já era direcionado para o setor desejado,não tinha nenhuma conversa. Na reformulação,fizemos uma curadoria de voz,para que a URA tivesse um tom consultivo,o que faz mais sentido com nossa proposta. Em seguida,conectamos a ferramenta com nossos sistemas,para que ele se tornasse capaz de buscar as informações que nossos clientes costumam pedir — explica Vanessa.

Ajuda até para fazer compras

Além do foco na experiência do cliente,a IA pode ser empregada ainda para o gerenciamento mais assertivo do negócio. Foi com esse objetivo que,há seis meses,a franquia de comida mexicana Jalapeño,cuja matriz fica na Estrada Rodrigues Caldas 299,na Taquara,aderiu à plataforma Alô Chefia,que auxilia na gestão de compra de produtos e no planejamento de produção,como a elaboração dos pratos,evitando desperdícios. O aplicativo apresenta ainda relatório de custos em determinado período.

Alô Chefia: plataforma usada pelo Jalapeño ajuda na gestão de suprimentos e no planejamento de produção — Foto: Divulgação

— O Alô Chefia é um contato salvo no WhatsApp. Quando chega uma compra,eu posso mandar um áudio avisando que tais encomendas chegaram e ele já faz o registro de entrada no estoque. O mesmo vale para a saída de itens para a produção dos pratos. Com isso,ele entende o meu uso de insumos e me ajuda também a fazer lista de compras. Posso dizer: “Quero fazer compras do fornecedor X,me dá uma lista de compras”. Ele sabe o que está faltando e sugere. No momento de produzir alguma coisa,posso perguntar: “Quantas paneladas de porco consigo produzir?”. E ele vai dizer algo como: “Pelo seu estoque,consegue produzir tantas paneladas”. Pergunto ainda algo do tipo: “Consigo produzir tantas receitas de feijão?”. Ele responde se sim ou se não e aí diz de quais ingredientes e em que quantidade vou precisar — detalha Lucas Brouck,o dono da franquia.

Taco: no Jalapeño,tecnologia é capaz de calcular quantos pratos podem ser feitos com o volume de itens no estoque — Foto: Divulgação

O empresário conta que contribuiu no desenvolvimento do aplicativo.

— Como sou consultor de gestão gastronômica,os desenvolvedores me convidaram para dar pitacos na ferramenta. Quando vi que a solução deles podia se encaixar no meu negócio,já botei o meu restaurante para ser o piloto no uso da plataforma — diz. — A IA traz dados compilados e tratados que ajudam na tomada de decisões de forma mais profissional. A entrada dessas ferramentas representa uma grande virada para o setor,que é tão pouco profissionalizado. Os empreendedores,em geral,não são do ramo de administração ou gastronômico. Eu mesmo sou biólogo e sofri para aprender a gerir.

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Já a Temakeria,que tem uma unidade na Avenida Olegário Maciel,implementou,há duas semanas,a plataforma Biud,que está sendo empregada para análise de comportamento de consumo e produção de dados que auxiliam na elaboração de estratégias para alavancar o faturamento.

— Temos muitos dados dos clientes,que captamos de diversas formas,como no clube de fidelidade,na fila de espera e quando é feita uma reserva,mas não estávamos sabendo usar esse material tão rico. Ela trata esses dados e consegue entender qual é melhor público,ou seja,o grupo que vem com mais frequência aos nossos restaurantes e que tem uma média de compras interessante para nós. Além disso,faz predições. Por exemplo: “Tal grupo de cliente está num período propício para compra. Se você fizer uma campanha,é provável que tenha tantos reais de retorno”— detalha João Victor Mello,coordenador de marketing da rede.

Temakeria: IA ajuda rede a entender o comportamento dos clientes — Foto: Divulgação

Agora que começou a entender de forma mais refinada o comportamento de seu público em cada região da cidade,o gestor diz que já está pensando criar novas estratégias,para grupos específicos e em dias determinados.

— Somos conhecidos pelo nosso rodízio,mas temos um menu à la carte extenso,e queremos que os clientes do rodízio o conheçam. Estamos pensando em fazer ofertas específicas para eles. Temos olhado também para os horários mais ociosos,como entre o almoço e o jantar,às 15h,na Barra,e como vamos ocupá-lo. Será que há quem queira e possa ir almoçar mais tarde? — reflete. — O mais importante é saber fazer a pergunta certa para a ferramenta. E,para isso,ainda precisamos do capital humano. Ela não nos substitui; só torna mais eficiente o processamento de informações.

Especialista em negócios gastronômicos,Bianca Fraga avalia que a tendência é que a adesão à IA no restaurantes aumente,sobretudo por não demandar um investimento alto.

— Ainda há donos de restaurantes familiares e tradicionais que são muitos resistentes a essa tecnologia,mas temos visto uma leva de empreendedores mais novos e já antenados nessas novidades,que vão penetrar cada vez mais no mercado gastronômico — pontua. — O empreendedor que usa IA naturalmente tem mais tempo e autonomia para ficar alguns dias fora do negócio e se dedicar mais às decisões estratégicas. Quem não usar IA vai ficar para trás.