Manifestante segura cartaz com foto do presidente Yoon Suk-yeol durante protesto em Seul,na Coreia do Sul — Foto: ANTHONY WALLACE / AFP
GERADO EM: 06/12/2024 - 04:39
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O ministro interino da Defesa sul-coreano anunciou nesta sexta-feira que três comandantes militares envolvidos nas operações decorrentes da decretação da lei marcial pelo presidente Yoon Suk-yeol foram suspensos.
O caso está sendo investigado por uma equipe de 120 policiais,que cuidam da queixa de insurreição apresentada pela oposição contra Yoon e outros altos funcionários,disse a polícia. A denúncia também implica o ex-ministro da Defesa Kim Yong-hyun,que renunciou na quinta-feira e está proibido de deixar o país.
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Foi a primeira declaração de lei marcial na Coreia do Sul em mais de 40 anos e trouxe de volta memórias da ditadura que governou o país até 1987.
O presidente,duramente confrontado com a oposição parlamentar sobre o orçamento do próximo ano,justificou a medida pelas “ameaças representadas pelas forças comunistas da Coreia do Norte” e pelos “elementos anti-Estado que roubam a liberdade e a felicidade do povo”.
A oposição afirma que Yoon queria “evitar investigações iminentes sobre supostos atos ilegais envolvendo ele e sua família”.
Mais cedo,o chefe do partido governista da Coreia do Sul apelou à “rápida suspensão” do mandatário pela sua tentativa de impor a medida e garantiu que a sua continuação representa um “grande perigo” para o país.
As declarações de Han Dong-hoon,líder do Partido do Poder Popular (PPP) de Yoon,deixam o presidente praticamente isolado diante da votação de uma moção de impeachment marcada para sábado na Assembleia Nacional.
— Tendo em conta os novos fatos,acredito que uma rápida suspensão do Presidente Yoon Suk-yeol é necessária para salvaguardar a República da Coreia e o seu povo — disse Han,que um dia antes havia se oposto ao impeachment.
Yoon não tomou nenhuma ação contra os oficiais do Exército que “intervieram ilegalmente” nem reconhece que “sua lei marcial ilegal foi um erro”,segundo o líder governista.
— Por causa disso,se o presidente Yoon continuar a servir como presidente,existe um risco significativo de uma repetição de ações extremas semelhantes à atual situação de emergência,o que colocaria a República da Coreia e os seus cidadãos em grande perigo — argumentou.
O líder do PPP também evocou “indicações críveis” de que Yoon ordenou a prisão de “políticos importantes” durante as horas em que a lei estava em vigor.
Um legislador da oposição,Jo Seung-lae,disse na sexta-feira que imagens de vigilância por vídeo mostram que soldados tentaram deter o líder da oposição Lee Jae-myung,o presidente parlamentar Woo Won-shik e o próprio Han Dong-hoon.
A Presidência negou ter ordenado a prisão ou detenção de deputados,segundo a agência de notícias Yonhap.
Yoon suspendeu a ordem civil na noite de terça-feira e enviou tropas e helicópteros ao Parlamento,onde,em meio a protestos de cidadãos,deputados da oposição conseguiram entrar furtivamente para votar contra a lei.
Horas depois,diante da indignação gerada na Coreia do Sul e do espanto de seus aliados com a medida,o presidente recuou e fez recuar o Exército em discurso matinal.
Acusando Yoon de “violar gravemente a Constituição e a lei”,a oposição apresentou uma moção de impeachment que a Assembleia Nacional votará no sábado.
A sua aprovação não era clara porque,embora a oposição tenha 192 dos 300 assentos,precisava de alguns votos do PPP para alcançar a necessária maioria de dois terços. A contagem,após a mudança de posição do partido governista,agora parece assegurada.
Perante este cenário,um porta-voz do principal partido da oposição,o Partido Democrata,disse que todos os seus deputados permanecerão na Assembleia Nacional até que a moção seja votada.
Se isso acontecer,Yoon,um ex-procurador famoso que se tornou presidente em 2022,será suspenso provisoriamente enquanto se aguarda um veredicto do Tribunal Constitucional.
Uma pesquisa publicada quinta-feira pelo instituto Realmeter indica que 73,6% dos entrevistados apoiaram a saída dele do cargo. E outra sondagem divulgada nesta sexta indica que o índice de aprovação do presidente caiu para 13%.