O presidente da Argentina,Javier Milei,discursa em rede nacional — Foto: Reprodução/La Nación
GERADO EM: 13/04/2025 - 21:20
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A Argentina enfrenta hoje o teste do fim do controle cambial,uma das exigências do acordo firmado com o FMI para liberar US$ 20 bilhões (veja abaixo os pontos-chave). Além do fim da política de “cepo cambiario”,que limitava a US$ 200 a compra de divisas por pessoas físicas,o país passará a adotar um regime de bandas cambiais,em que a moeda americana deve flutuar entre 1.000 e 1.400 pesos.
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O anúncio dos próximos passos foi feito 72 horas antes,na noite de sexta-feira,estrategicamente após o fechamento dos mercados. O ministro da Economia argentino,Luis Caputo,porém,tratou de afastar preocupações com o comportamento do dólar hoje:
— Não nos importa o que acontecerá no primeiro dia porque estamos convencidos da sustentabilidade do plano — disse a uma alta fonte do Gabinete logo após saber da confirmação do empréstimo do FMI.
O que se espera em um primeiro momento é a desvalorização inicial do peso. Isso aceleraria,segundo o mercado e nomes a par do plano,o movimento de liquidação de operações de exportadores e entrada de divisas.
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A expectativa do governo é que depois disso o valor deverá flutuar dentro de um contexto de âncora fiscal firme (com equilíbrio ou superávit das contas públicas) e rigidez monetária,que limita ao máximo a quantidade de pesos em circulação,os outros dois pontos-chave da terceira etapa do plano econômico de Javier Milei.
No dia seguinte à prova de fogo do plano,a Argentina receberá a primeira parcela do empréstimo com o FMI,de US$ 12 bilhões. Quando se inclui na conta aportes de outras instituições multilaterais,o país deve contar com mais de US$ 23 bilhões este ano.
Na Casa Rosada,a expectativa é que ao fim haja valorização do peso,chegando ao piso da banda (1.000 pesos). A expectativa é conseguir capitalizar o BCRA,o banco central argentino,que no momento tem reservas no negativo,em US$ 5,6 bilhões. O previsto é encerrar o ano com US$ 4 bilhões.
Segundo o relatório do FMI,o país deve crescer 5,5% este ano. E a inflação deve oscilar entre 18% e 23%,com superávit de 1,3% do PIB. Milei,elevou a meta para 1,6%.
As metas acordadas com o Fundo preveem que o país chegue a 2027 com inflação de 7,5% ao ano. Há aumento previsto para o superávit primário,que alcançaria 2,5% do PIB em 2027.
O acordo prevê uma série de reformas que alteram leis trabalhistas,Previdência,impostos e privatizações. A maioria está prevista para depois de novembro,coincidentemente ou não,após o fim do processo eleitoral que renovará autoridades provinciais e municipais,metade dos deputados e um terço dos senadores.
Reforma tributária - O governo se comprometeu a apresentar ao FMI,em dezembro,proposta para reduzir a quantidade de tributos e eliminar distorções.Mudanças na lei trabalhista - O FMI afirma que são esperadas flexibilizações para negociação salarial e simplificação na demissão.Previdência - O Executivo planeja levar ao Congresso,em dezembro de 2026,uma revisão das regras de aposentadorias.Subsídios à energia - O documento propõe o fim da segmentação por poder aquisitivo,mantendo apenas “subsídio energético único” para famílias de baixa renda.Gasto social - O governo concluirá,um Sistema de Indicadores Sociais para unificar os dados e “melhorar a focalização e eficiência” dos programas.Fim do “cepo cambiario” - A partir de hoje,acabam as restrições para compra de dólares por pessoas físicas. Mas o imposto de 30% sobre o dólar cartão continua.Acúmulo de reservas - O governo projeta acumular US$ 4 bilhões este ano e chegar a US$ 19 bilhões em 2029. Hoje,as reservas do BCRA são negativas em US$ 5,6 bilhões.Privatizações - Até novembro,país terá “rota” de privatizações.Lei de Ética Pública - Governo se propõe a atualizar lei de 1999.
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