Agenda climática está nas discussões globais — Foto: Domingos Peixoto
GERADO EM: 21/11/2024 - 18:40
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O último encontro do G20 destacou,mais uma vez,o papel central da agenda climática nas discussões globais. Em um mundo marcado por eventos climáticos extremos e crescentes desigualdades,os líderes das maiores economias do planeta reafirmaram compromissos para limitar o aquecimento global a 1,5°C até o final do século,um objetivo que,embora crucial,ainda enfrenta sérios desafios de implementação. O G20 este ano trouxe um foco renovado em sustentabilidade,especialmente com a crescente pressão para que as economias emergentes e desenvolvidas adotem práticas mais eficazes e imediatas para reduzir emissões de gases de efeito estufa.
Um dos pontos centrais do G20 foi o financiamento climático. Embora os países desenvolvidos tenham reafirmado o compromisso de mobilizar US$ 100 bilhões anuais para apoiar as nações em desenvolvimento,esta promessa,feita há mais de uma década,ainda não foi totalmente cumprida. O atraso no cumprimento deste objetivo compromete a transição para uma economia de baixo carbono em países que mais sofrem com os impactos climáticos e que,paradoxalmente,menos contribuem para o problema global. Além disso,foi reconhecida a necessidade de reestruturar as instituições financeiras internacionais,como o Banco Mundial,para viabilizar financiamentos mais acessíveis e ágeis. A proposta de “reformas verdes” nessas instituições pode ser um divisor de águas,mas depende de vontade política para sair do papel.
Outro tema prioritário foi a transição energética. Países como a Índia,que assumiu a presidência do G20,destacaram a necessidade de equilibrar a expansão econômica com a transição para fontes renováveis. A mensagem central foi clara: a transição energética não pode ser apenas uma meta global,mas também precisa respeitar as realidades locais. Enquanto os países desenvolvidos pressionam por uma rápida descarbonização,as economias em desenvolvimento alertam que esta transição deve ser justa. Isso significa garantir que comunidades vulneráveis,dependentes de indústrias intensivas em carbono,não sejam abandonadas. A justiça climática emerge,assim,como um eixo indispensável na formulação de políticas climáticas globais.
O Brasil posicionou-se como uma voz forte do Sul Global,defendendo a inclusão de soluções baseadas na natureza,o combate ao desmatamento e o financiamento climático como pilares para enfrentar a crise climática. O compromisso em reduzir o desmatamento ilegal e aumentar as áreas protegidas foi reiterado,mas o desafio está em transformar essas promessas em políticas efetivas. Além disso,o Brasil apresentou-se como líder potencial na produção de energia limpa,com foco em biocombustíveis e hidrogênio verde,setores que podem ser estratégicos para promover uma economia de baixo carbono e atrair investimentos internacionais.
Apesar do otimismo gerado pelo encontro,os desafios permanecem. O principal deles é a lacuna entre compromissos e ações práticas. Relatórios recentes mostram que as emissões globais continuam em alta,e o mundo ainda está longe de alcançar as metas do Acordo de Paris. Outro obstáculo é a polarização geopolítica,que dificulta a cooperação internacional. Conflitos como a guerra na Ucrânia e tensões entre EUA e China muitas vezes relegam a agenda climática a segundo plano.
O G20 deste ano reforçou que a luta contra as mudanças climáticas é,ao mesmo tempo,um desafio e uma oportunidade. As crises podem ser catalisadoras de inovação e cooperação,e a transição para uma economia verde tem o potencial de gerar empregos,reduzir desigualdades e promover o desenvolvimento sustentável. Para que isso aconteça,no entanto,é fundamental que as decisões tomadas em fóruns globais sejam acompanhadas por mecanismos claros de monitoramento e prestação de contas. Governos,setor privado e sociedade civil precisam atuar de forma integrada para garantir que as metas sejam alcançadas.