‘Retrato de um certo Oriente’ — Foto: Reprodução
GERADO EM: 20/11/2024 - 15:01
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A substituição de “Relato” por “Retrato” no título faz sentido na mais recente realização de Marcelo Gomes. Baseado em premiada obra de Miton Hatoum,“Retrato de um certo oriente” liga-se de forma visceral ao seu aclamado “Cinema,aspirina e urubus” (2005),parceria improvável entre um alemão e um sertanejo Brasil adentro.
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Desta vez,os encontros começam em solo libanês minado em 1949. O jovem Omar,revólver em punho,resgata a irmã Emilie de instituição católica. Tudo,menos permanecer no país em que os pais foram mortos por diferenças religiosas. Como única saída,a travessia de terceira classe rumo ao Brasil,país do presente e do futuro.
A bordo,os passageiros sintetizam a abrangência dos que buscam novos horizontes devido a guerras — poloneses,franceses,palestinos e outros libaneses,como o comerciante muçulmano Omar,que se envolve com Emilie. A incompatibilidade dos dois compatriotas recrudesce. A travessia é longa,tumultuada,atravessa aldeia indígena,até Manaus,onde Omar tem família e negócios. A cidade se converterá em cenário de vivências acirradas comuns a estrangeiros: convivência com “o outro”,capacidade de adaptação e ruptura com o passado,tantas vezes restrito a um retrato.
Com requintados valores de produção,soberba fotografia em preto e branco de Pierre de Kerchove,“Retrato”,em seu ritmo vagaroso,oferece pungente perfil do “estrangeiro”. Para isso,Marcelo Gomes recrutou expressivo elenco libanês,que imprime importante veracidade de uma história que não conhece fronteiras ou ponto final.