O presidente da Argentina,Javier Milei — Foto: Erica Canepa/Bloomberg
GERADO EM: 18/07/2024 - 04:30
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O Brasil não vai forçar uma aproximação entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e o argentino Javier Milei,mas tampouco vai impedir que uma agenda em nível ministerial possa ser implementada,driblando a tensão instalada entre os dois chefes de Estado. Um dos gestos que o governo Lula fará nas próximas semanas para mostrar predisposição a continuar trabalhando a relação é convocar o novo embaixador argentino em Brasília,Daniel Raimondi,para que apresente suas cartas credenciais,confirmaram fontes do governo brasileiro.
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No auge da tensão entre Lula e Milei,houve preocupação na Chancelaria argentina sobre o futuro de Raimondi. O embaixador chegou a Brasília semana passada,mas ainda não tem data para a entrega de credenciais ao presidente brasileiro. Sem isso,Raimondi pode trabalhar no Brasil,mas está impedido de participar de qualquer tipo de atividade na qual Lula esteja.
Nos últimos dias,as conversas sobre o futuro da relação com a Argentina foram intensas,e algumas decisões foram tomadas. A primeira,e talvez a mais importante,é não forçar um encontro ou aproximação entre Lula e Milei. O brasileiro,disseram as fontes,não tem interesse em conversar pessoalmente com o argentino,a menos que exista,como já foi pedido por Lula,um pedido de desculpas pelas ofensas lançadas pelo argentino.
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O desafio do momento,admite o embaixador do Brasil em Buenos Aires,Julio Bitelli,“é driblar o ruído no nível presidencial”.
— Temos de tirar o foco da tensão entre os dois presidentes — frisa Bitelli.
O panorama é delicado e se complicaria ainda mais se o republicano Donald Trump for eleito presidente dos EUA.
— O relacionamento bilateral vai entrar numa fase de congelamento,e essa fase será ainda mais difícil se Trump vencer — aponta Eduardo Viola,professor da Escola de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas,apontando que “há grandes diferenças entre Milei e Bolsonaro”. — Milei é muito mais ambicioso em matéria de projeção internacional,e se Trump voltar ao poder,essa ambição será impulsionada — frisa Viola.
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Na visão do argentino Juan Tokatlian,vice-reitor da Universidade de San Andrés,em Buenos Aires,“os problemas entre Lula e Milei excedem as ofensas do argentino”.
— A agenda internacional da Argentina mudou,e as diferenças com o Brasil de Lula estão por todos os lados. As posições são diferentes em matéria de mudanças climáticas,Gaza,guerra entre Rússia e Ucrânia. A relação ficará congelada — conclui Tokatlian,que defende a ação da sociedade civil dos dois países.