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Conheça os benefícios da musculação para a saúde mental

Jul 18, 2024 IDOPRESS
Musculação é considerada uma atividade terapêutica por muitas pessoas — Foto: Unsplash RESUMOSem tempo? Ferramenta de IA resume para você

Musculação é considerada uma atividade terapêutica por muitas pessoas — Foto: Unsplash

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GERADO EM: 18/07/2024 - 04:31

"Musculação como Terapia: Benefícios no Tratamento de Estresse Pós-Traumático"

Musculação é apontada como terapia para traumas,proporcionando força física e mental. Crescente pesquisa destaca seus benefícios no tratamento de estresse pós-traumático. Com enfoque na resiliência,especialistas buscam entender e promover o uso da musculação como ferramenta terapêutica,auxiliando na recuperação e bem-estar de indivíduos. A prática,ao oferecer pausas na intensidade,auxilia no controle do estresse e na reconexão mente-corpo,tornando-se um valioso recurso para aqueles que buscam superar traumas.

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Os psicólogos há muito estabeleceram que o exercício é benéfico para a saúde mental e,na última década,a pesquisa também mostrou que pode ser uma ferramenta valiosa para lidar com o transtorno de estresse pós-traumático. Agora,apesar das associações da musculação com o aumento de músculos,um número crescente de pessoas que sofreram trauma estão descobrindo que levantar pesos é um bálsamo.

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Para muitos,os poderes de cura do esporte se resumem ao fato de que,onde o trauma os deixou desamparados,impotentes e fracos,a musculação os ajuda a se sentirem fortes — não apenas fisicamente,mas também psicologicamente.

Quando Cheng Xu estava servindo nas Forças Armadas do Canadá como paraquedista e oficial de infantaria,ele experimentou uma série de eventos traumáticos em rápida sucessão — seu melhor amigo e colega oficial tirou a própria vida,um soldado sob seu comando foi ferido durante um tiroteio em exercício e o pai de um amigo próximo foi sequestrado. Ele sentiu como se o mundo estivesse desmoronando ao seu redor em todos os lugares,exceto na academia,onde treinava levantamento de peso olímpico.

— A única coisa que eu tinha que me ancorava era o levantamento de peso,porque era o único lugar onde me sentia seguro — relata Xu,32,agora estudante de doutorado em Toronto.

Cercado pelos halteres,ele descobriu o que descreveu como “as propriedades curativas do treinamento de força”.

— Fazer musculação me deu um senso de escolha. Me deu uma sensação de controle — afirma Xu. E com o tempo,segundo ele,esses sentimentos o levaram à sua recuperação.

Aprendendo a literalmente empurrar para trás

Há muito tempo pessoas que já sofreram traumas vão em direção à sala de musculação,atraídas,em parte,pela promessa de maior força física. Mas esses levantadores de peso historicamente receberam pouca orientação sobre como treinar de uma maneira que sua saúde mental e recuperação sejam apoiadas. Os levantadores também tiveram que navegar em uma cultura de condicionamento físico que muitas vezes glorifica uma abordagem “sem dor,sem ganho”,com foco no desempenho e na aparência,em vez do bem-estar.

— Há muita masculinidade tóxica no treinamento de força — explica James Whitworth,fisiologista do exercício e especialista em ciências da saúde do Centro Nacional de Transtorno do Estresse Pós-Traumático e professor assistente da faculdade de medicina da Universidade de Boston,além de veterano de combate deficiente.

Mas à medida que mais pessoas de todos os gêneros e habilidades descobrem os benefícios da musculação,a comunidade vai se tornando mais inclusiva e expansiva. Grupos de saúde mental também começaram a formalizar o levantamento de peso como uma ferramenta terapêutica e a educar os treinadores sobre como orientar pessoas que vivem com traumas. Ao mesmo tempo,a comunidade científica está começando a estudar por quê,exatamente,algumas pessoas com trauma acham que levantar coisas pesadas as ajuda a se recuperar.

— Há algo na musculação e no trabalho com resistência que aumenta a resiliência. Não só no cérebro,mas também no corpo — esclarece Chelsea Haverly,assistente social e fundadora da Hope Ignited,uma organização sediada no estado de Maryland,nos Estados Unidos,dedicada a educar organizações e médicos sobre trauma.

No ano passado,Haverly e Emily Young,assistente social e personal trainer,criaram um programa de certificação de levantamento de peso baseado em trauma para treinadores,em um esforço para levar seus benefícios de saúde mental a mais pessoas.

— Com o levantamento não é apenas "eu posso fazer coisas difíceis”. É “meu corpo pode fazer coisas difíceis”. É “não me senti forte e agora me sinto uma fera” — afirma Haverly.

Rachel Sloane,fisioterapeuta respiratória de 36 anos e mãe de dois filhos,diagnosticada com Transtorno do Estresse Pós-Traumático complexo em 2021 após sofrer abuso físico e sexual,experimentou a transformação pela musculação. Ela inicialmente se voltou para o levantamento de peso com o desejo de cuidar do corpo,mas quanto mais treinava,mais se sentia segura e calma fora da academia.

— Eu nem estava tentando usar a musculação como meio de cuidar da saúde mental. Mas isso me deu um meio de resistir fisicamente contra todo o medo e impotência que eu estava sentindo o tempo todo — diz Rachel. — Depois de anos me sentindo impotente,tive experiências nas quais me senti poderosa,forte e capaz.

Encontrar a forma certa de exercício

À medida que mais pessoas com trauma afirmam os benefícios da musculação,Whitworth e outros pesquisadores trabalham para entender melhor os mecanismos psicológicos e neurológicos por trás de seu potencial como ferramenta terapêutica.

— Melhorar a força física de alguém de uma maneira que eles possam ver e sentir pode ser particularmente potente para indivíduos com Transtorno do Estresse Pós-Traumático ajudando a reformular sua visão de mundo,bem como suas visões de si mesmos — ressalta Whitworth.

Embora quase todo tipo de exercício seja benéfico para pessoas com trauma psicológico,eles colhem os maiores benefícios quando se envolvem em treinamento de intensidade moderada a alta,que inclui levantamento de peso. O treinamento de resistência de alta intensidade,especificamente,demonstrou ajudar a melhorar a qualidade do sono e a ansiedade,o que pode melhorar a saúde e o bem-estar geral.

E,no entanto,as pessoas que sofreram trauma geralmente evitam este tipo de exercício por causa da resposta ao estresse físico que ele pode gerar — pulso rápido,respiração pesada,temperatura corporal elevada — o que pode lembrá-los de seu trauma. Por esse motivo,é essencial ajudar os pacientes a encontrar o tipo de exercício adequado para eles.

Treinamentos de intensidade moderada a alta são os mais indicados por psicólogos e terapeutas — Foto: Unsplash

Em 2018,Rooney fundou a organização sem fins lucrativos Trauma Informed Weight Lifting para oferecer aos clientes uma forma alternativa de movimento.

— Já existem pessoas que estão se voltando para o levantamento,consciente ou inconscientemente,como parte de sua própria recuperação e cura — afirma Rooney.

Ela fundou seu grupo,para oferecer a mais pessoas oportunidades de fazer musculação de maneira segura e curativa,educando treinadores e terapeutas sobre os benefícios de saúde mental do treinamento de força,além de realizar pesquisas.

Algumas pessoas que acham a ioga muito calma e preferem exercícios aeróbicos de intensidade moderada a alta,como corrida e ciclismo,que estudos sugerem que podem ser especialmente úteis para pessoas com trauma. Mas outros lutam com isso,em parte porque acham que o exercício em espaços públicos,como parques,é um gatilho.

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O poder do esforço em aumentos gradativos

Em seu livro de 2021,“Lifting Heavy Things: Healing Trauma One Rep at a Time” (Levantando Coisas Pesadas: Curando Trauma Uma Repetição Por Vez,em tradução livre do inglês),a personal trainer e sobrevivente de trauma de Manhattan,em Nova Iorque,Laura Khoudari,explicou que uma das razões pelas quais ela e outros se conectam ao levantamento de pesos é porque ele oferece pausas regulares na intensidade – o que permite que eles verifiquem consigo mesmos e avaliem como estão se sentindo,o que,por sua vez,ajuda a evitar ficarem sobrecarregados.

— As pausas dão ao seu sistema nervoso a chance de se acalmar — explica Khoudari,que também concluiu o curso de terapia de trauma corporal e se tornou uma das principais defensoras do levantamento de peso como forma de cura. — Quando estamos lidando com um trauma,nosso sistema nervoso geralmente tem menos capacidade de estresse e também menos resiliência. E assim você pode usar o treinamento de força para chegar ao limite de quanto estresse você pode suportar.

Com o tempo,isso pode expandir a janela de tolerância. Por esta razão,Whitworth e outros pesquisadores disseram que o levantamento de peso pode ser uma ferramenta útil para pessoas submetidas à terapia de exposição,durante a qual os terapeutas encorajam os pacientes a se concentrarem em suas memórias traumáticas para incrementos curtos e controlados – não muito diferente da natureza cíclica do treinamento de força. Com o tempo,essa exposição pode neutralizar as memórias,bem como o estresse físico relacionado.

— A ideia é que eles possam ficar realmente ansiosos no início. Mas com o tempo,os pacientes começam a processar o fato de que essas memórias e sentimentos não são perigosos — afirma Whitworth.

Combinar essa terapia com exercícios de alta intensidade,com a musculação,pode ser particularmente benéfico. Para muitas pessoas com trauma,o levantamento de peso também as ajuda a se sentirem à vontade em seus corpos.

Como Rooney explicou,“corpos são frequentemente os precursores do trauma e os portadores do trauma”,o que leva muitas pessoas a experimentar uma espécie de desconexão mente-corpo. Por exemplo,se alguém sofreu um trauma físico relacionado ao tronco,pode se sentir desconectado dessa parte do corpo como um mecanismo de enfrentamento. Mas a musculação pode ajudar a reconectar a mente e o corpo.

O agachamento durante a musculação,no qual se dobra o quadril e joelhos enquanto se coloca um peso nos ombros,é usado como exemplo por Rooney.

— Há algo em ter,por exemplo,uma barra nas costas que é como,"Uau,de repente eu posso sentir minha coluna. Eu posso sentir a parte de trás do meu corpo. E não me lembro da última vez que senti a parte de trás do meu corpo" — ela afirma.