Corrente pelo Bem diz doar,por mês,2.500 refeições a moradores em situação de rua na cidade do Rio — Foto: Divulgação
GERADO EM: 02/07/2024 - 05:02
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Os trabalhos da ONG Corrente pelo Bem,que incluem a distribuição de refeições,roupas e brinquedos para pessoas em vulnerabilidade social,podem estar com o futuro comprometido. Seus representantes dizem que,na última terça-feira (25),a instituição recebeu uma ordem com um prazo de 15 dias para deixar o espaço que ocupa no Chalé Shopping,no Catete,onde as marmitas são preparadas. O aviso partiu da Companhia de Transportes Sobre Trilhos do Estado do Rio de Janeiro (Riotrilhos),ligada à Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade Urbana,que realizou uma licitação para cessão do espaço.
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Presidente e idealizador da organização,o advogado Rodrigo Freire se diz preocupado com a sobrevivência de quem depende do seu trabalho e deseja que,pelo menos,o prazo para deixar a atual sede seja ampliado.
— Fomos surpreendidos por uma mensagem de WhatsApp enviada por um funcionário da Riotrilhos para o nosso voluntário e advogado Luiz Lemos,dizendo que teríamos o prazo de apenas 15 dias para desocupar o local — relata. — A princípio,queremos a permanência no local até conseguirmos outra sede onde possamos realizar as nossas atividades sociais. Precisamos,com extrema urgência,de um espaço físico,que pode ser um imóvel ocioso das esferas estadual,municipal ou federal,o qual revitalizaríamos por meio de parcerias com empresas que já apoiam a ONG ou que tenham interesse em nos dar esse suporte. Estamos abertos a propostas de parcerias.
De acordo com a instituição,são distribuídas 2.500 refeições por mês para crianças e adultos em situação de rua na cidade do Rio de Janeiro. Outra frente de ação são as doações de 300 cestas básicas por mês,além de roupas e brinquedos,para cerca de 600 famílias que vivem no entorno do antigo lixão de Jardim Gramacho,em Duque de Caxias.
— Com a falta de um espaço físico,teremos que encerrar as nossas ações sociais que assistem milhares de pessoas que vivem abaixo da linha da miséria,nos arredores do antigo lixão de Gramacho e em outras comunidades carentes que nos procuram constantemente em busca de ajuda,como os morros do Borel e da Chatuba e a favela da Coreia. Nosso desespero é para evitar que essas pessoas fiquem desamparadas. Não podemos permitir que esse ato cruel e desumano possa prejudicar milhares de vidas invisíveis para a sociedade — apela Freire.
O projeto surgiu no Natal de 2010,após Rodrigo reunir dois amigos e rumar para Jardim Gramacho para doar 200 brinquedos. Desde então,estima a organização,mais de cem toneladas de alimentos foram doados.
— O momento crucial na primeira ação,há 13 anos,foi quando vários idosos,mulheres grávidas e com crianças de colo perguntaram se não tínhamos levado alimentos,roupas e fraldas. Eu disse,então,mas que no próximo mês voltaríamos com o que conseguíssemos. E,para a surpresa dos moradores,no mês seguinte,o grupo voltou com três carros carregados com fraldas,alimentos,brinquedos e roupas — conta.
A Corrente do Bem iniciou em maio um novo trabalho:
— Começamos a elaborar projetos de qualificação profissional em diversas áreas de conhecimento,visando a proporcionar oportunidades de aprendizagem e capacitação para pessoas que vivem em extrema vulnerabilidade social.
A Riotrilhos informa que obteve,judicialmente,a retomada da posse do imóvel. Atualmente,a situação do espaço está regular,sob administração da empresa Hope Rio Distribuidora LTDA,que venceu a licitação para exploração e administração da área. Os atuais ocupantes,acrescenta,foram informados previamente,e as atividades realizadas no local poderão ser mantidas mediante o pagamento do aluguel do imóvel.
Rodrigo Freire,porém,nega que tenha havido proposta para a Corrente do Bem permanecer no local pagando aluguel:
— Em nenhum momento nos propuseram algum acordo,alguma negociação. Só falaram pra gente ir embora através do WhatsApp,mesmo. A gente tentou procurá-los (a Hope Rio) para negociar e foi estranho,porque a Riotrilhos tentou participar,sendo que a licitação já tinha sido feita. Acho que o correto seria a empresa ter procurado a gente,não a Riotrilhos.