Ex-presidente dos EUA Barack Obama (E),e atual presidente,Joe Biden,durante evento da campanha presidencial de 2020 — Foto: Drew Angerer/Getty Images/AFP
GERADO EM: 13/07/2024 - 10:00
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Em mais uma semana de pressão sobre o presidente dos EUA,para que desista da reeleição,um episódio foi emblemático: na quarta-feira,o ator e membro do Partido Democrata George Clooney publicou um artigo no New York Times,dizendo que “não vamos vencer em novembro com esse presidente”. Segundo a imprensa americana,um texto cuja publicação teve o aval do ex-presidente Barack Obama,agora acusado de orquestrar críticas a Biden.
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Segundo o site Politico,Clooney se encontrou com Obama em um evento de arrecadação de fundos em Los Angeles,citado pelo ator no artigo e apontado como um exemplo de que Biden não estaria em plenas condições de assumir mais um mandato ou ganhar a eleição. O site não revelou o que eles conversaram no dia,mas destacou que Clooney entrou em contato com Obama antes da publicação do texto — o ex-presidente não endossou as palavras do ator,tampouco sugeriu alterações,mas também não pediu que não o publicasse,segundo o Politico.
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Obama foi uma das vozes a sair em defesa de Biden depois do desastroso desempenho no debate com Donald Trump,no mês passado. Em publicação no X,no dia 28 de junho,disse que “noites ruins de debates acontecem”,exaltando o histórico de ideias de Biden e sua trajetória política,completando que “a noite passada não mudou isso”.
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Mesmo antes da revelação do diálogo com Clooney,informações de bastidores apontavam que o ex-presidente não expressa privadamente o mesmo entusiasmo público com a reeleição de seu vice. Segundo a rede CNN,ele tem atendido a muitas ligações de políticos e doadores preocupados com os rumos da campanha e concordado com alguns dos questionamentos,embora o tom das conversas seja neutro. Em junho,a revista Rolling Stone afirmou que Obama foi procurado por vários democratas depois do debate,com pedidos para que tentasse convencer Biden a desistir imediatamente.
"Talvez Obama nos salve",disse uma mensagem escrita por um político democrata obtida pela revista. O ex-presidente tem reiterado que estará ao lado do candidato do partido,seja quem for.
Mas na quinta-feira,Joe Scarborough,ex-deputado e apresentador na rede MSNBC,disse que “a campanha de Biden e muitos integrantes do Partido Democrata acreditam que Barack Obama está trabalhando discretamente nos bastidores para orquestrar” a onda de críticas.
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Alguns dos mais ferozes ataques têm vindo de ex-assessores de Obama. David Axelrod,estrategista político de Obama,disse logo depois do fim do debate que “haverá discussões se ele deve continuar”,e na semana passada afirmou que “o presidente deve considerar o que é a coisa certa a se fazer”. Tommy Vietor,ex-porta-voz de Obama,disse que as aparições públicas de Biden são “ruins,e por vezes muito difíceis de se assistir”. Jon Favreau,autor de discursos de Obama,deu razão aos argumentos de George Clooney.
— Eu estava lá. Clooney estava correto,e todas as pessoas com quem conversei no evento de arrecadação pensaram o mesmo,com a exceção daquelas que trabalhavam para Biden,ou ao menos elas não queriam dizer isso — disse Favreau,que estava no evento citado por Clooney,à CNN.
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Obama tem motivos pessoais para não se declarar contra a releição: em 2015,quando o então vice-presidente Joe Biden se lançou em uma pré-candidatura à Casa Branca,Obama não teria,em palavras do próprio Biden,o encorajado o suficiente para seguir na disputa,abandonada antes do início das primárias do ano seguinte. Uma nova pressão pela desistência poderia ser o último prego no caixão dessa relação longa e complexa,e até produzir o efeito inverso.
— Biden diria “bem,senhor presidente,você já usou essa ficha em 2015,e ela nos deu Donald Trump” — especulou à CNN um assessor de Biden na campanha presidencial de 2020. — Acho que o fortaleceria ainda mais.
Outro peso pesado democrata que explicitou questões sobre Biden foi a ex-presidente da Câmara,Nancy Pelosi. Na quarta-feira,à MSNBC,ela afirmou que “cabe ao presidente [Biden] decidir se vai concorrer”,que “o tempo está ficando mais curto” e “as pessoas querem que ele tome essa decisão” — Biden tem reiterado que vai “até o fim” na campanha,e que “só Deus Todo Poderoso” pode tirá-lo das cédulas em novembro.
As declarações,por mais que Pelosi tenha negado,foram encaradas como um “passe livre” para que deputados,senadores e figuras influentes opinassem publicamente. E as críticas vieram em peso.
Até o momento,19 deputados e um senador pediram que Biden desista da campanha — uma delas,Marie Gluesenkamp Perez,deputada pelo estado de Washington,chegou a defender que ele renuncie ao cargo,citando preocupações com sua saúde e sua capacidade de continuar liderando o país.
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Em uma reunião da bancada democrata hispânica na Câmara,com a participação de Biden,destinada a acalmar os ânimos,Perez e Gabe Vazquez não puderam fazer comentários,afirmou o site NOTUS,citando participantes da conversa. No mesmo encontro,Mike Levin,outro deputado a pedir a desistencia de Biden,disse que “era hora de outra pessoa liderar o partido”.
— Essa é uma preocupação legítima das pessoas,e é por isso que acho importante que eu saia e mostre às pessoas tudo,desde como posso me mover bem,o quanto eu seu e que ainda estou em boa forma — disse o presidente,pouco antes da reunião ser interrompida.