O 'Centauro II',novo blindado que deve integrar a frota brasileira do Exército — Foto: Divulgação / Consórcio Iveco-Oto Melara
GERADO EM: 02/07/2024 - 04:30
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Parte importante de um projeto bilionário de modernização e fortalecimento do equipamento do Exército Brasileiro,o primeiro dos 98 veículos blindados modelo Centauro II,comprados por cerca de R$ 5 bilhões pelo governo federal junto ao consórcio de montadoras italianas Iveco-Oto Melara,acabou retido pela autoridade aduaneira da Alemanha no mês passado.
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O novo veículo,que irá integrar a nova frota de Veículos Blindados de Combate de Cavalaria,desbancando o antigo modelo Cascavel — que será mantido e modernizado —,deverá ser o primeiro a ser testado pelas Forças Armadas. De acordo com o jornal "Estado de S. Paulo",a aduana alemã justificou que a retenção ocorreu pela falta de uma guia de transporte que deveria ter sido emitida pelo Ministério Federal de Assuntos Econômicos e Ação Climática da Alemanha,o BMWK.
Em documento elaborado para justificar a compra do Centauro II,adquirido em 2022,militares do Exército concluíram que,em relação aos demais veículos,"o modelo destaca-se como a melhor viatura na sua categoria em relação aos países da América do Sul,havendo grande tecnologia agregada e capacidades operativas que a tornam de alto valor dissuasório na projeção nacional,além de acrescentar muito à capacidade operacional do Exército Brasileiro,pois complementa-a com capacidades antes não existentes".
Os detalhes técnicos do Centauro II-BR — Foto: Editoria de Arte
Com autonomia de 800km,velocidade máxima de 105 km/h,um canhão de 120mm,tração 8x8 e blindagem V (nível máximo),o Centauro II-BRA,versão 2015,deixa bem para trás nos quesitos técnicos o modelo Cascavel,versão 1974,que hoje ainda integra as Forças Armadas do Brasil e de boa parte da América do Sul (Bolívia,Colômbia,Paraguai e Uruguai). O Cascavel conta com um canhão de 90mm,tração 6x6 e um nível III de blindagem,bastante inferior,que não é resistente a munições perfurantes,como a .30,além de granadas e ataques aéreos de mísseis Stinger e Tomahawk.
Procurado,o Exército ainda não se manifestou sobre o imbróglio burocrático na Alemanha,tampouco informou se há uma previsão para que o novo blindado chegue ao Brasil. A previsão é de que toda a frota do Centauro II-BR esteja operando até 2035.
A compra da frota de Centauros II por mais de R$ 5 bilhões chegou a ser suspensa pelo pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região,sob o fundamento de que o negócio alcançaria valores superiores a R$ 5 bilhões em um momento marcado por cortes de despesas no Poder Executivo federal à época,mas a liminar acabou derrubada pela ministra Maria Thereza de Assis Moura,do STJ,que argumentou que a aquisição dos blindados faz parte de uma política pública de longo prazo,amparada em ampla discussão técnica,que teve início em 2012.