Lillian Ross,percursora do jornalismo literário,com seu bloquinho de repórter na mão: livro é dica de Natal — Foto: Reprodução
GERADO EM: 18/12/2024 - 16:17
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“Sempre repórter — textos da revista The New Yorker” (Carambaia),de Lillian Ross,tem uma vocação irresistível para presente de Natal. Para começo de conversa,é um belíssimo objeto que chama a atenção: capa dura amarela com letras pretas (lição básica de todo cartazista) e corte pintado de roxo,num projeto gráfico impecável. Mas o melhor é que os 32 textos que o compõem são formidáveis até no Kindle,porque são exemplos do jornalismo literário no seu melhor. O posfácio de Paulo Roberto Pires é uma pérola. Ross viveu quase cem anos e trabalhou durante 60 deles na New Yorker,onde produziu algo como 500 matérias. Ela mesma fez a seleção deste livro,o último que publicou em vida. Muita gente conhecida aparece nas suas páginas,de Charles Chaplin a Clint Eastwood,passando por Ernest Hemingway (num perfil histórico),Julie Andrews,Fellini e Coco Chanel. Tradução de Jayme da Costa Pinto.
Outro lindo objeto cheio de bom conteúdo é “Plural como o universo – Fernando Pessoa fala com adolescentes” (Editora da Ponte),de uma inesperada autora de 17 anos. Lara Prado ganhou do pai uma antiga edição da “Obra poética” da Nova Aguilar quando tinha 15 anos,devorou as suas páginas como traça e não sossegou enquanto não fez a sua própria espécie de antologia,perfeita para aproximar o poeta dos jovens que ainda não o conhecem. O projeto gráfico cativante e as ilustrações de Hermes Ursini juntam caquinhos de Pessoa,recortes das obras que mais chamaram a atenção de Lara e que vão,eventualmente,pescar novos leitores.
Para pessoinhas menores,“Tem um gato no frontispício” (Editora Baião),de Sofia Mariutti e Vitor Rocha,é um anzol de outro tipo. Nas suas belas e coloridas páginas,vários bichos se juntam para explicar às crianças as diversas partes de um livro. Vai que elas pegam o gosto.
Quando a seca ameaça uma aldeia em Ruanda,surge uma questão: seguir os padres que chegaram com os belgas e tentam converter a população,ou confiar nas divindades e lendas locais? “Kibogo subiu ao céu” (Editora Nós),de Scholastique Mukasonga,é um livrinho pequeno que abriga uma grande história. Tradução de Larissa Esperança.
Cuidado: “De quatro” (Amarcord),de Miranda July,não é um presente para qualquer pessoa. Dependendo do ambiente da firma,pode ser inadequado para o Amigo Oculto — e nem pense em dá-lo para quem se incomoda com cenas de sexo explícitas. Para quem gosta de histórias excêntricas e divertidas,porém,este romance vai bem além da polêmica que o acompanha,e é uma reflexão afiada sobre o envelhecimento,a menopausa,o amor e o desejo. Tradução de Bruna Beber.
“Um mundo imenso” (Todavia) faz jus ao nome — em todas as acepções. São 539 páginas,mas Ed Yong captura o leitor já nas três primeiras,ao reunir num mesmo galpão um elefante,uma cobra,um rato,um mosquito,uma aranha,uma coruja,uma abelha,um morcego e uma moça chamada Rebecca. As criaturas dividem o mesmo espaço ao mesmo tempo,mas cada uma o percebe de forma radicalmente diferente. A partir daí,a leitura é uma aventura só. O subtítulo explica: “Como os sentidos dos animais revelam reinos ocultos à nossa volta”. Tradução de Christian Schwartz.
Feliz Natal,pessoas queridas.