"A empresa não pode alegar a crise empresarial para o requerimento do `lay-off´. Os dados demonstram que não há nenhuma crise na Autoeuropa -- quem nos dera a todos termos uma crise destas,com lucros fabulosos e produções elevadíssimas",disse o sindicalista Manuel Bravo,do Sitesul,durante uma audição daquele sindicato na Comissão de Trabalho,Segurança Social e Inclusão da Assembleia da República.
Segundo Manuel Bravo,a fábrica de automóveis da Volkswagen em Palmela,no distrito de Setúbal, produziu 220.100 automóveis em 2023,mais 14% do que em 2022,e o grupo Volkswagen,que tem 119 fábricas espalhadas por todo o mundo,registou "mais de 16 mil milhões de euros em 2023,o que representa um acréscimo de 7,6% em relação a 2022".
Para o dirigente sindical, estes números demonstram que o grupo Volkswagen não só não atravessa nenhuma situação de crise,como reúne todas as condições para que os seus acionistas assumam os investimentos necessários à modernização da fábrica de Palmela,em vez de recorrerem ao que consideram ser um "financiamento abusivo",através da Segurança Social.
"Com o argumento da sustentabilidade da Segurança Social,os sucessivos governos têm vindo a prolongar a idade de acesso à reforma por velhice. E depois vamos entregar dinheiro da Segurança Social,contribuições dos trabalhadores,a uma multinacional com estes resultados",corroborou outro sindicalista do Sitesul na audição requerida pelo grupo parlamentar do PCP.
Numa outra audição à Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa durante a manhã,também a pedido do PCP,a deputada comunista Paula Santos,eleita por Setúbal,também acusou a Autoeuropa de estar a recorrer de forma "abusiva" ao regime de `lay-off' (redução temporária dos períodos normais de trabalho ou suspensão dos contratos de trabalho).
Paula Santos disse que o Governo tinha informado no passado dia 28 de junho que havia quatro pedidos de `lay-off´ por parte da Autoeuropa,mas que nenhum tinha sido ainda deferido pelo Instituto da Segurança Social.
"Como é possível a Autoeuropa dizer que está em `lay-off´,quando ainda não há,sequer,um deferimento da Segurança Social",questionou a deputada do PCP.