Traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa,o Peixão,pôs a estrela de Davi no ponto mais alto da Cidade Alta,na Zona Norte,dominada por ele — Foto: Fabiano Rocha
GERADO EM: 05/08/2024 - 04:30
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Investigações da Polícia Civil apontam uma associação do chefe do tráfico do Complexo de Israel,Álvaro Malaquias Santa Rosa,com a milícia da favela do Quitungo,em Brás de Pina,formada por seis policiais militares da ativa e um policial penal. Os PMs são do 16º BPM (Olaria) e 41º BPM (Irajá). Em 2020,a Delegacia de Homicídio da Capital (DHC) instaurou inquérito para apurar um duplo homicídio na região,onde os corpos de dois homens,suspeitos de integrarem o grupo paramilitar foram encontrados carbonizados.
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Ao investigar a motivação,chegou-se à aliança entre os milicianos e Peixão. Segundo relatório da DHC,houve um racha na milícia local,porque parte dela não aceitava as ordens do chefe do Complexo de Israel,alegando que nunca tiveram problemas com o Comando Vermelho (CV).
O traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa,o Peixão — Foto: Editoria de Arte
Segundo os investigadores,no dia 26 de junho de 2020,Jhonatan Batista Vilas Boas Alves,o Cepacol,e José Mário Alves da Trindade,o Cebolão,foram mortos como traidores do consórcio. O blog Segredos do Crime mostrou ontem,numa reportagem especial,que Peixão já comanda 10 comunidades e não tolera informantes,ou X-9,na linguagem dos bandidos.
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Ao desconfiarem que as vítimas estavam do lado dos rivais,Peixão,que integra do Terceiro Comando Puro (TCP),e os PMs teriam decidido executar os ex-aliados. Como lição,abandonou o carro com os corpos na porta da casa de uma das vítimas.
Policiais em operação na casa do traficante Peixão. O local tem um painel que reproduz a cidade de Jerusalém — Foto: Editoria de Arte
Segundo o relatório da DHC,pelo acordo,“os traficantes ficariam responsáveis pelo controle da venda de drogas e os milicianos explorariam as demais atividades,tais quais cobranças indevidas de taxas de comerciantes e moradores,serviços de internet e TV a cabo pirata,controle de água e gás,dentre outras”.
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No documento,os agentes da DHC explicam ainda o significado de “União 5.3”,como foi chamada a aliança. O primeiro número quer dizer “tranquilidade”,no vocabulário da milícia,já o 3,uma forma de “saudação” do TCP.
Traficantes do bando de Álvaro Malaquias,usam uniformes semelhantes ao do Exército de Israel para patrulhar favelas do Complexo de Israel — Foto: Reprodução de Redes Sociais
Após o duplo homicídio,Peixão conseguiu conquistar duas comunidades da região: Dourados e Tinta,em Cordovil,mas,até hoje,está em guerra com o CV pelo comando no Quitungo e Guaporé.
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Como a Justiça entendeu se tratar de uma organização criminosa,o caso tramita na 1ª Vara Criminal Especializada em Organização Criminosa. Procurada,a Polícia Militar informou que os seis PMs respondem ao Conselho Disciplinar na Corregedoria-Geral da Corporação,podendo resultar em exclusão.