"Um dos grandes desafios que temos tem a ver com a questão dos recursos humanos e com a digitalização e a automatização das nossas empresas. Continuamos a considerar fundamental a substituição de postos de trabalho obsoletos e que já ninguém quer ocupar por postos e perfis profissionais com muito maior densidade tecnológica e maior valor acrescentado",disse o vice-presidente executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos,Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) em entrevista à agência Lusa.
Neste sentido,Rafael Campos Pereira destaca a qualificação e a formação como "prioritárias para o setor",assim como "o apoio às entidades que contribuem para estes objetivos" - nomeadamente o Centro de Apoio tecnológico à Indústria Metalomecânica (CATIM) e o Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica (CENFIM) - e aposta na qualificação dentro das empresas.
Paralelamente,o dirigente associativo identifica a relevância de "medidas mais transversais à economia",como a "estabilidade,previsibilidade e transparência do sistema fiscal",que considera "fundamentais não só para atrair investimento,como também para potenciar investimento de empresas em Portugal".
"A redução do IRC [Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas] também nos parece importantíssima e,para além disso,como forma de podermos reter e atrair os nossos jovens,os portugueses em geral e os trabalhadores imigrantes que para aqui vêm,será essencial prosseguirmos um processo de redução do IRS [Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares] relativamente a alguns segmentos e,nomeadamente,na classe média",acrescenta.
Para o vice-presidente executivo da AIMMAP,se se reduzirem "os impostos sobre o rendimento das pessoas singulares e das pessoas coletivas,consegue retirar-se a tenaz que está constranger o crescimento económico. E,havendo crescimento económico e crescimento do PIB [Produto Interno Bruto],apesar de os impostos poderem diminuir,a receita fiscal pode,a curto/médio prazo,vir a crescer".
Já a nível europeu,Rafael Campos Pereira assume-se preocupado com a implementação e o impacto da aplicação das práticas ESG (do inglês 'Environmental,Social,and Corporate Governance',ou seja,as práticas ambientais,sociais e de boa governança das empresas),questionando "quem é que,em Portugal,vai tutelar e regular" esta área e "de que forma é que se vão aplicar estas normas".
É que,alerta "as grandes empresas que vão ficar sujeitas [a estas normas] vão repercutir na sua cadeia de valor as mesmas obrigações",pelo que "há um conjunto enorme de pequenas e médias empresas que vão ficar sujeitas também a essas obrigações de reporte,que poderão perturbar muito a sua atividade,e que,por isso,precisam de apoio para se poderem adaptar".