Lucinha vem de mandados seguidos como deputado estadual no Rio de Janeiro — Foto: Julia Passos / Alerj
GERADO EM: 21/06/2024 - 02:00
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A denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ) contra a deputada estadual Lucinha (PSD) aponta que a parlamentar e sua assessora,Ariane Afonso Lima,atuariam como o braço político da maior milícia do Rio,chefiada por Luis Antonio da Silva Braga,o Zinho. Informações fornecidas pelas denunciadas eram usadas pelo grupo paramilitar para "a execução planejada de seus inimigos",destaca o documento.
Deputada Lucinha: parlamentar utilizava Alerj como ponto de encontro com miliciano,revela denúncia do MPOrganização criminosa: em depoimento,miliciano Zinho confirmou que chamava Lucinha de 'madrinha'
"No exercício de regular 'patrulhamento' das áreas,decorrente da prestação dos serviços de segurança,os criminosos fazem uso de veículos roubados e 'clonados',portam,transportam e fazem uso de armas de calibres permitidos e restritos,sobretudo fuzis,e promovem rotineiramente o levantamento de informações sobre membros da milícia rival para execução planejada de seus inimigos",diz trecho da denúncia do MP,que completa que os milicianos se valiam de "informações e favores prestados pelas denunciadas".
Ao todo,o documento assinado pelo procurador-geral de Justiça do Estado,Luciano Mattos,elenca 9 situações que comprovam a "atuação concreta" de Lucinha e Ariane como integrantes do núcleo político do Bonde do Zinho.
Denunciada pelo MP: Alerj define nesta quinta-feira futuro de Lucinha; suspeita de envolvimento com a milícia,deputada deve permanecer no cargo
Informações privilegiadas: Lucinha e Ariane informaram milicianos sobre uma visita do prefeito Eduardo Paes à Zona Oeste,para que os criminosos se "escondessem",aponta o MP.Defesa de interesses da milícia: As denunciadas realizaram "numerosas e coordenadas tentativas" de interferência na chamada "Brecha da P5",que beneficiaria o transporte alternativo na Zona Oeste,"maior fonte direta de recursos" do grupo.Tráfico de influência: As denunciadas pegariam informações "estratégicas relacionadas a crimes bárbaros" praticados pelos milicianos,para repassá-los à polícia; a missão era de "interferir/determinar" a linha investigativa,diz a denúncia.Interferência pela soltura de milicianos: Em 2021,Lucinha se utilizou "do prestígio e facilidades do cargo" de deputada estadual para auxiliar o Bonde do Zinho; criminosos,então presos em flagrante,deixaram de ser detidos.Interferência no comando de batalhões: Lucinha e Ariane "realizaram coordenada tentativa de interferência",para tentar retirar dos cargos os comandantes do 27º BPM (Santa Cruz) e 8ª DPJM,"em razão do reconhecido combate aguerrido dos citados agentes da lei contra" o Bonde do Zinho.Encontros frequentes com milicianos: Foram detectados ao menos 17 encontros entre os integrantes da milícia,alguns realizados até na alerj,ou na Zona Oeste,com presença de Zinho.Nomeação de milicianos e parentes na Alerj: Lucinha nomeou em seu gabinete,como assessores,Lays Heloise Costa Pinto Mayworn,nora do miliciano Vanildo Ferreira de Lima (Chumbinho); e o PM Alessandro Fiel Lopes,apontado como integrante do Bonde de Zinho.Utilização de servidores públicos em busca de informações: em outubro de 2023,Lucinha buscou um servidor da prefeitura para ter acesso a "informações privilegiadas atinentes à localização de pessoas armadas nas imediações de seu sítio",para fornecê-las ao núcleo operacional da milíciaUtilização da organização criminosa para assegurar sua base política: Segundo o MP,a parlamentar se valia "da sua condição de integrante" do núcleo político do Bonde do Zinho,"conquistada através do prestígio do cargo que ocupa,e do temor reverencial que o grupo exerce na região" para cobrar um servidor da prefeitura providências contra um morador que gravou vídeo criticando a ela,ao prefeito e ao seu filho.
Nesta quinta-feira,o Conselho de Ética da Alerj decidiu pelo arquivamento das denúncias contra a deputada. A votação teve quatro votos a favor do arquivamento das denúncias — Vinicius Cozzolino (União),Júlio Rocha (Agir),Cláudio Caiado (PSD) e Renato Miranda (PL) — e dois contra,de Martha Rocha (PDT) e Dani Monteiro (PSOL). Já Jorge Felippe Neto (Avante) não pôde votar por conta da proibição de que isso seja feito de maneira virtual. O resultado será enviado para a mesa diretora,que decidirá se vai levar a discussão para plenário ou manterá a decisão do Conselho de Ética.
Em nota,a deputada afirmou que "a denúncia é claramente uma perseguição política. As acusações são completamente infundadas e minha inocência será devidamente comprovada nos autos. Assim como demonstramos no Conselho de Ética a minha inocência,também provaremos na Justiça que as denúncias são absurdas e improcedentes".